É fundamental a identificação das pacientes com alto risco para câncer de mama, a fim de proporcioná-las ideal acompanhamento e, dentro de determinados critérios, as devidas medidas de prevenção.

Existem fatores ligados ao aumento do risco para câncer de mama, como, por exemplo:

  • história familiar de câncer de mama. Pacientes que apresentam parentes de primeiro grau, mãe ou irmã, com câncer de mama, apresentam um risco relativo duas vezes maior.
  • idade da primeira menstruação precoce, antes dos 12 anos. Sabe-se que menarca antes dos 12 anos de idade representa risco 20% maior.
  • pacientes sem filhos.
  • idade tardia do primeiro filho a termo. Cita-se risco 90% superior nas pacientes que tem seu primeiro filho após os 30 anos, sem história familiar para câncer de mama. Já naquelas com história familiar esse risco na mesma idade é duas vezes maior.
  • menopausa tardia.

Modelos para avaliar o risco:

Existem modelos para estimar o risco epidemiológico, como os modelos de Gail e de Claus, e outros modelos que avaliam a susceptibilidade hereditária, levando em consideração o histórico de câncer, como os modelos de Couch e Myriad.

Fatores de risco histológicos:

Alterações que não apresentam risco: adenose, alterações apócrinas, ectasia ductal, e a hiperplasia epitelial leve.

Alterações com risco baixo (1,5 – 2 vezes maior): hiperplasia típica, papiloma sem hiperplasia típica e adenose esclerosante.

Alterações com risco moderado (4 – 5 vezes): hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular atípica, micropapiloma com hiperplasia atípica.

Alterações com risco alto (8 – 10 vezes): carcinoma lobular in situ, carcinoma ductal in situ e papiloma com hiperplasia atípica.

Câncer de mama hereditário:

Critérios usados para avaliar a possibilidade de câncer de mama hereditário:

  • Ser membro de família com mutação BRCA 1/ BRCA2 conhecida
  • Ter história pessoal de câncer de mama e um ou mais dos seguintes itens:
    • Diagnóstico antes dos 40-50 anos, com ou sem história familiar
    • Diagnóstico antes dos 50 anos ou câncer de mama bilateral, com um ou mais familiar com câncer de mama antes dos 50 anos ou um familiar com câncer de ovário
    • Diagnóstico em qualquer idade com dois ou mais familiares com câncer de ovário em qualquer idade
    • Diagnóstico com qualquer idade e dois ou mais familiares com câncer de mama, especialmente se diagnosticado antes dos 50 anos ou câncer bilateral
    • Familiar masculino com câncer de mama
    • História médica prévia de câncer de ovário
    • Ser descendente Ashkenazi e diagnóstico antes 50 anos, não necessita história familiar adicional, ou história familiar de câncer de mama e/ou ovário em qualquer idade.

Nos casos de risco, recomenda-se iniciar o rastreamento mamográfico aos 40 anos ou 5 a 10 anos antes do caso mais precoce na família. Recomenda-se exame clínico anual, avaliação do risco, aconselhamento genético e avaliação e suporte psicossocial.

Em mulheres, deve-se discutir a opção de mastectomia profilática de acordo com o caso e aconselhamento quanto ao grau de proteção e opções de reconstrução mamária. Deve-se também discutir sobre ooforectomia profilática, individualizando cada caso, após avaliar a vida reprodutiva, o desejo de ter filhos, grau de proteção mamária e ovariana e o manejo dos sintomas climatéricos e assuntos relacionados.

Em homens, com história familiar masculina de câncer de mama, é importante incentivar o auto-exame das mamas mensal regular, exame físico das mamas anual e considerar mamografia de base e anual se ginecomastia ou parênquima glandular mamário denso no estudo de base.

Conclusão

Apesar da incidência do câncer de mama estar aumentando, a mortalidade vem decrescendo continuamente. Isso se deve ao grande avanço nos métodos de diagnóstico precoce, a conscientização por parte das mulheres e aos avanços na área do tratamento.

A possibilidade da conservação da mama, os resultados estéticos, cada vez melhores com a mastectomia, o melhor controle da doença, com efeitos colaterais cada vez menos agressivos, foram avanços fantásticos no controle de uma doença tão devastadora para tantas mulheres.

Fonte: Manual de Diagnóstico e Terapêutica em Mastologia. Boff RA, Wisintainer F, Amorim G, Ruaro S, Santos GR, Miele L, Ribas FE, Schuh F, Machado LS. Editora Mesa Redonda, Caxias do Sul, 2007, pag 251-253.