As modificações sociais através das décadas influenciaram sobremaneira a cirurgia plástica no Ocidente. Neste contexto, aquelas relacionadas ao comportamento feminino tiveram grande importância, o que permitiu o desenvolvimento desta área médica. A mulher deslocou-se do papel de mãe e dona-de-casa para ser (também) alguém que tem profissão e carreira, que gera renda e que participa do crescimento econômico de uma nação.
Ao avaliarmos nossas pacientes nos consultórios, em nossa rotina diária, devemos levar em conta também isso. As modificações físicas e psíquicas que a intervenção cirúrgica causará serão feitas em alguém que costuma ter vários papéis sociais. Elas buscam elevação da autoestima e melhoria na apresentação íntima, social e profissional. O desejo da paciente deve ser harmonizado com as possibilidades vigentes que a técnica cirúrgica oferece. Mas não é só isso: o esclarecimento sobre vontades e ansiedades ocultas deve ser feito. É preciso determinar onde podemos chegar, quais são as possibilidades de resultados e quais são os riscos. Não menos importante, deve-se identificar e remover falsas expectativas quanto a um procedimento em cirurgia plástica; o foco pode não ser a insatisfação corporal e uma tentativa de modificação talvez mantenha ou agrave um conflito psíquico.
A mudança da forma corporal tem influência no comportamento e no aparelho psíquico do indivíduo. A forma e a função trabalham juntas; mas a forma, por si, tem uma função.

Fonte: Dr. Ciro Portinho – Caderno Viver com Saúde – Jornal NH – 08/03/10