Milhões de mulheres no mundo hoje usam anticoncepcional oral como método contraceptivo de escolha. Os dados disponíveis através de estudos clínicos não confirmam a existência de aumento de risco de câncer de mama com o uso de anticoncepcional oral. Sabe-se que o uso de anticoncepcional oral está associado a um aumento no risco relativo de doenças cardiovasculares e de câncer cervical.
Existe no mercado uma grande variedade de contraceptivos com composições e doses diferentes. De uma forma geral, possuem duas substâncias associadas: uma da classe das progesteronas e outros da dos estrogênios. O tipo de anticoncepcional oral indicado a cada paciente varia, optando-se geralmente por aquele de menor dosagem e que ofereça um adequado controle do ciclo e menores efeitos colaterais.
Em razão de que alguns tumores de mama sejam sensíveis ao estímulo hormonal, a associação do uso de anticoncepcional oral ao risco de câncer de mama foi questionada. Uma suposição é que estes hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais poderiam levar ao desenvolvimento ou, mesmo, estimular um crescimento mais rápido das células cancerígenas na mama. Igualmente, as evidências de aumento do risco de câncer de mama em algumas mulheres com o tratamento de reposição hormonal reforçavam a ideia de que os anticoncepcionais orais poderiam levar a um aumento de risco. Em razão do grande número de usuárias, um pequeno aumento do risco poderia representar um grande incremento de casos de câncer de mama.
Um estudo que uniu os resultados de 54 pesquisas, anteriores a 1996, evidenciou um pequeno aumento no risco de câncer de mama entre as usuárias de anticoncepcional oral (risco relativo de 1.0) quando comparadas àquelas que nunca o haviam usado.
Em razão disso, foi desenvolvida uma pesquisa de maior qualidade para esclarecer a dúvida que havia então surgido. Assim foi realizado um estudo comparando pacientes usuárias ou com história de uso de anticoncepcional oral no passado com pacientes não usuárias, totalizando 9257 mulheres na faixa de idade entre 35 e 74 anos. Esse estudo não mostrou aumento de risco entre as pacientes em uso atual de anticoncepcional oral, ou entre aquelas que fizeram uso de anticoncepcional oral há mais de 10 anos. O uso de anticoncepcional oral por mulheres com presença de fatores de risco como história familiar ou idade tardia da primeira gestação também não se associou com aumento de risco de câncer de mama. Uma análise para determinar o risco entre mulheres brancas e negras também não confirmou existir diferença entre os dois grupos. A duração do uso de anticoncepcional oral não teve relação com a ocorrência de tumor de mama, assim como, o inicio de utilização em idade mais jovem. A análise comparando diferentes formulações de anticoncepcional oral também não mostrou diferença.
As evidências mostradas permitem, portanto, tranquilizar as pacientes quanto a sua escolha de contracepção.