Atualmente, podemos falar em duas abordagens diferentes para a detecção do câncer de mama: o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população sem sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama, com o objetivo de identificar alterações sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados anormais para investigação diagnóstica).

O DIAGNÓSTICO PRECOCE

Diagnosticar precocemente contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Para isso, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde tanto na atenção primária quanto nos serviços de referência para investigação diagnóstica e tratamento. São considerados sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama e de referência urgente para a confirmação diagnóstica:

– Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos;

– Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual;

– Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade;

– Descarga papilar sanguinolenta unilateral;

– Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos;

– Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral;

– Presença de linfadenopatia axilar;

– Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja;

– Retração na pele da mama;

– Mudança no formato do mamilo.

Na década de 1950, nos Estados Unidos, o autoexame das mamas surgiu como estratégia para diminuir o diagnóstico de tumores de mama em fase avançada. Ao final da década de 1990, ensaios clínicos mostraram que o autoexame não reduzia a mortalidade pelo câncer de mama. A partir de então, diversos países passaram a adotar a estratégia de “breast awareness”, que significa estar consciente para a saúde das mamas.

Essa estratégia de conscientização destaca a importância do diagnóstico precoce e busca orientar a população feminina sobre as mudanças habituais das mamas em diferentes momentos do ciclo de vida e os principais sinais suspeitos de câncer de mama.

RASTREAMENTO

O rastreamento do câncer de mama é uma abordagem que deve ser dirigida às mulheres na faixa etária e periodicidade em que há evidência conclusiva sobre redução da mortalidade por câncer de mama e na qual o balanço entre benefícios e danos à saúde dessa prática é mais favorável. Os potenciais benefícios do rastreamento anual com mamografia em mulheres acima de 40 anos são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada.

A mamografia de rotina é recomendada anualmente para as mulheres acima de 40 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia. Entretanto, alguns países recomendam mamografia a cada dois anos entre 50 e 69 anos.

O rastreamento organizado do câncer de mama baseia-se na evidência científica do benefício dessa estratégia na redução da mortalidade e no balanço favorável entre riscos e benefícios.