Embora de 75 a 80% dos casos de câncer de mama ocorram em mulheres com mais de 50 anos, o número de mulheres jovens diagnosticadas com a doença é cada vez maior. Estima-se que de 5 a 15% das pacientes com tumor nas mamas estão em idade reprodutiva.

O mito de que a mulher não poderia ter um filho após o diagnóstico de um tumor nas mamas baseava-se no fato de que a gravidez provoca uma série de alterações hormonais no organismo, incluindo altas taxas de estrogênio, hormônio ligado ao crescimento de alguns tumores de mama. Com isso, as mulheres que engravidassem estariam mais propensas à reincidência da doença.

A boa notícia é: diversos estudos mostraram que ter um filho depois do tratamento de um câncer de mama não diminui as chances de sobrevivência. Porém, é importante lembrar que os tratamentos para o câncer de mama, como a quimioterapia e a radioterapia, são agressivos e podem comprometer a fertilidade da mulher.

A quimioterapia destrói tanto as células cancerígenas, como as saudáveis, como os óvulos. Portanto, a quimioterapia afeta o sistema reprodutivo, diminuindo o número de óvulos e causando a menopausa precoce, o que reduz ou acaba com a probabilidade de uma gravidez natural. Por isso, quando a mulher é jovem e deseja ter filhos, o ideal é fazer o congelamento dos óvulos antes de iniciar o tratamento.

Além disso, a mulher deve esperar de dois a três anos para engravidar. Esse protocolo é baseado na probabilidade de recidiva do câncer de mama nesse período, uma vez que a gestação seria um obstáculo para o tratamento.

Outra dúvida frequente das mulheres que desejam engravidar após um câncer de mama é a amamentação. Os tratamentos cirúrgicos, assim como a radioterapia, podem impactar na produção de leite. Mulheres que passaram pela mastectomia, ou seja, a retirada completa da mama, não poderão amamentar.

As cirurgias que retiram parte da mama também podem interferir na produção do leite, principalmente quando houver radioterapia. Entretanto, quando o câncer afetar apenas uma das mamas e a mama sadia for preservada, a produção do leite irá ocorrer normalmente.

O avanço da medicina no tratamento do câncer de mama é notável nos últimos anos. A conversa entre mastologista e paciente é essencial para debater uma possível gravidez depois do tratamento de um câncer de mama. Planejar-se, antes de iniciar a terapia, é fundamental para garantir que após o câncer de mama a gestação possa ocorrer.

Fonte: silviobromberg