A cirurgia estética da mama é hoje um dos procedimentos mais realizados por pacientes em todo o mundo ocidental. Segundo dados da sociedade americana de cirurgia plástica, em 2008 aproximadamente 307 mil mulheres foram submetidas à mamoplastia de aumento, 88 mil a mamoplastia redutora e 20 mil a mastopexia. Estes números representam um aumento de 868% em comparação com 1992. É uma conquista da mulher moderna, interferindo positivamente na auto estima e qualidade de vida. A importância disso é desmitificar sua relação com câncer de mama. Muitas dessas mulheres terão câncer de mama, não porque foram submetidas à cirurgia estética, mas porque o teriam de qualquer maneira.

Em todos os estudos com seguimento de mais de 5 anos, o prognóstico das pacientes submetidas a cirurgia estética da mama foi exatamente igual ao das pacientes sem cirurgia estética. Portanto, o prognóstico é igual para pacientes com ou sem cirurgia estética da mama e depende exclusivamente do estadiamento inicial e das características biológicas do tumor.

Estudos publicados que compararam mulheres submetidas à redução de mamas com mulheres não submetidas a tal cirurgia, observaram que não houve diferença significativa em relação ao número de biópsias solicitadas e que a única diferença encontrada foi, na verdade, um menor percentual de carcinoma nas mulheres submetidas à redução de mamas. Tal redução no risco provavelmente se deva à diminuição da glândula mamária.

O uso de prótese de silicone também não aumenta o risco para câncer de mama, mas muito se discute sobre o risco do implante interferir no diagnóstico por imagem. Para realizar um bom diagnóstico é necessário então efetuar manobras que afastem o implante da glândula mamária (manobra de Eklund) e utilizar outros métodos como ecografia e, eventualmente, ressonância magnética.

Outro ponto peculiar é que pacientes com implantes apresentam mais nódulos palpáveis (devido a compressão da prótese contra o parênquima mamário) e efetuam mais assiduamente auto-palpação e consultas médicas. Portanto, não se pode afirmar que o uso de implantes prejudique o diagnóstico precoce de câncer de mama e nem que estas tenham prognóstico oncológico pior, como se acreditava antes.

Uma ressalva a ser feita é em relação ao posicionamento do implante na mama. Em pacientes de alto risco para câncer de mama, acredita-se que a colocação do mesmo na loja sub-muscular seja melhor, embora não existam dados científicos que mostrem este benefício.

Atualmente, podemos afirmar que o implante mamário não é causa do câncer de mama e nem dificulta o seu diagnóstico ao ponto de interferir no prognóstico da doença. A cirurgia de redução de mama também não aumenta o risco de câncer de mama, aliás, estudos têm demonstrado redução no risco.

Fonte: Doenças da Mama – Guia prático baseado em evidências. Frasson A. et al. Ed. Atheneu, 2011.