Sobre maternidade depois dos 45 anos:

“Talvez mais pressão social do que dificuldades.”

SER MÉDICA OU SER MÃE?

“Fui uma criança, como todas, com um mano querido e com as bonecas que eram minhas companheiras de brincar!!! A maioria das vezes eram minhas filhas e aos poucos foram sendo minhas pacientes e isso delineou minha vida. Assim, naturalmente eu queria ver e ajudar crianças a nascerem – Primeiro Projeto. Ser mãe passou a ser o Segundo Projeto, não em importância, mas sim em ordem de acontecer.”

SER MÉDICA – O ESTUDO

“A medicina foi uma opção e, para isso, juntei todas as forças e tempo.”

Me formei pela Universidade Católica de Pelotas, em 1999. Após a graduação, segui minha formação em Ginecologia e Obstetrícia, também pela Universidade Católica de Pelotas.

“SER MÉDICA | SER MÉDICA GINECOLOGISTA E OBSTETRA era a meta e todos os esforços maiores de vida estavam ali.”

Na sequência, veio a oportunidade de estudar Mastologia fora do país e lá fui eu atrás deste projeto! Estive no Instituto Europeu de Oncologia (IEO) e na Universidade de Milão – Itália, de 2003 a 2005, onde me tornei Máster em Mastologia. Focada e determinada sempre! Apaixonada pela escolha e muito feliz pelas oportunidades de fazer minha formação em Milão! Uma honra e um prazer que considero muito!

Quando voltei pro Brasil, e para a minha cidade natal, Novo Hamburgo, continuei estudando, e me tornei Mestre (2008) e Doutora (2014), em Ciências Médicas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

SER MÉDICA –  A PROFISSÃO

Profissionalmente “pronta”, depois da minha formação em ginecologia, obstetrícia e mastologia, voltei para a minha cidade natal, Novo Hamburgo, para trabalhar e me estabelecer. Aquele sonho de menina, de estar por perto e ajudar crianças a nascerem, se tornou também uma realização importante de uma etapa da minha vida profissional!

Mas os caminhos foram se definindo, e me estabeleci na área da mastologia, e ainda dentro daquele sonho de estar perto e ajudar as pessoas, agora estou perto e ajudo no tratamento do câncer de mama, e estou plenamente realizada com isso!

SER MÃE

“Em um dado momento, até pela coincidência de gostar de falar italiano, conheci meu marido e casamos. Então, veio a ideia da maternidade! Depois de refletirmos e ambos querermos, estabelecemos o Segundo Projeto – sermos pais. Tivemos algumas frustrações, como tantos casais, e logo buscamos ajuda profissional.”

A gravidez aos 40 tem se tornado cada vez mais comum entre mulheres que decidem priorizar a carreira ou até a vida social antes de gerar uma vida.

“Confesso que as tentativas foram inúmeras e as frustrações também foram bem difíceis de segurar. Assim, se passaram alguns anos, mas não desistimos, sempre bem orientados do ponto de vista médico, até que a tão sonhada gestação bem-sucedida está acontecendo.

E agora, mais de 45 anos e um bebê?!

Após os 45 anos de idade vou celebrar meu ingresso no universo da maternidade com a chegada de NOSSA “BONITINHA” – assim chamada por um grupo de amigas quando contei…

“Eu lidava com a idéia de não acontecer, de não conseguir ter filhos… era uma idéia que também foi trabalhada…. mas agora um novo universo se abre… e os sonhos parecem estar virando realidade…

Na verdade, pelas oportunidades que a vida me trouxe, posterguei a  maternidade,  como tantas mulheres nos dias de hoje. Meu casamento, que também aconteceu quando meu “Primeiro projeto” já estava “pronto”, e agora a maternidade, representam dois “capítulos” tão importantes na minha vida. É como se cada fase devesse ter o seu momento, para que fosse plenamente vivida!

Com certeza, eu não seria a mãe que posso ser agora se tivesse escolhido fazer isso em qualquer outro momento da minha vida.”

SER MÃE DEPOIS DOS 45 ANOS

A situação de Dra. Gabriela é incomum, mas ela certamente não está sozinha.

Em junho deste ano, dados publicados pelo Office for National Statistics – Inglaterra, mostraram que o número de nascimentos de mulheres com mais de 50 quadruplicou nas últimas duas décadas naquele país, passou de 55 em 2001 para 238 em 2016. Desde então até agora, ocorreram 1.859 nascimentos de mulheres acima de 50 anos de idade somente no Reino Unido. Acima dos 55 anos foram 153 nascimentos.

Arvorando a bandeira da maternidade nesta faixa-etária estão uma série de celebridades, mais recentemente a atriz Brigitte Nielsen com 54 anos quando – o seu quinto parto: uma filha chamada Frida, que chegou neste verão.

A cantora norte-americana Janet Jackson deu à luz em janeiro, aos 50 anos, ao filho Eissa. Talvez o mais visível de tudo tenha sido a senadora americana Tammy Duckworth, uma veterana do Iraque que perdeu ambas as pernas quando seu helicóptero foi abatido em 2004. Ela deu à luz em 2018, também com 50 anos, e foi fotografada logo depois, protestando contra as políticas de imigração de Trump enquanto segurava a recém-nascida Maile no colo.

Febre de bebê? Pode atacar em qualquer idade. Se você esperou um pouco mais tarde na vida para tentar engravidar, pode estar se perguntando se está muito velha para ter um filho.

Uma gravidez após os 35 anos automaticamente coloca você na categoria “idade materna avançada” (AMA). Mas faça o possível para não se deixar intimidar pelo rótulo – uma gravidez bem-sucedida depois dos 35 ainda é comum! Mas e depois dos 40? 45?

Embora o caminho para engravidar possa ser mais difícil para alguns depois de uma certa idade, outros podem navegar com relativa facilidade. Existem muitos fatores em jogo, incluindo coisas como seu estado de saúde atual e quão perto você está da menopausa.

Aqui está mais sobre suas chances de engravidar em idade “avançada”, quais riscos podem estar envolvidos para você e seu bebê e que perguntas você pode querer fazer ao seu médico antes de embarcar nesta viagem.

SUCESSO NA GRAVIDEZ EM DIFERENTES IDADES

É verdade que existe uma espécie de relógio biológico. Começa quando você começa a menstruar e para quando chega à menopausa. Com o passar do tempo, suas chances de ter uma gravidez bem-sucedida diminuem à medida que sua reserva de óvulos diminui, sua qualidade de óvulo diminui e seus hormônios mudam.

A tendência das taxas de fertilidade corresponde ao número médio de óvulos que uma mulher tem em qualquer idade. Em geral, você começa a puberdade com entre 300.000 e 500.000 ovos. Esse número cai para cerca de 25.000 aos 37 anos e continua caindo para 1.000 ou menos aos 51 anos.

Como isso parece exatamente?
Bem, a probabilidade de engravidar naturalmente, sem assistência médica, após um ano de tentativas é bem menor.

Mesmo que você tenha muitos óvulos e esteja na casa dos 20 ou 30 anos, sua chance de engravidar a qualquer mês é de 1 em 4, de acordo com o ACOG – The American College of Obstetricians and Gynecologists. Quando você chega aos 40 anos, apenas 1 em cada 10 mulheres engravida a cada ciclo.

Quando é tarde demais para a gravidez?

A menopausa é definida como a interrupção do ciclo menstrual (por um ano ou mais). A maioria das mulheres atinge esse marco em algum lugar entre 40 e 50 anos. Portanto, é inteiramente possível engravidar à moda antiga aos 50 anos.

FÁCIL? NÃO NECESSARIAMENTE. MAS É POSSÍVEL? SIM.

Antes que o ciclo menstrual pare completamente, há um período chamado perimenopausa, quando os ciclos se tornam mais longos e menos regulares.

Geralmente, as mulheres entram na perimenopausa por volta dos 40 anos, mas algumas podem atingir esse ponto por volta dos 30 anos. Você ainda está produzindo óvulos durante este período, então a gravidez é possível – embora mais difícil de conseguir.

Claro, você provavelmente já ouviu histórias de mulheres muito mais velhas que levam a gravidez até o fim. Por exemplo, uma mulher de 74 anos na Índia deu à luz duas meninas gêmeas em 2019.

O que é importante entender sobre histórias como essas é que essas mulheres costumam se submeter a terapia hormonal e fertilização in vitro. Eles são a rara exceção, não a norma.

Pensar em postergar a gravidez, seja por prioridades profissionais, seja porque ainda não encontrou seu parceiro ideal, ou simplesmente por vontade, significa planejamento! Sim, faça uma avaliação num serviço especializado, e tenha orientações corretas! É preciso coletar e congelar seus óvulos! Ou, caso já sejam um casal, e apenas desejam postergar esse lindo projeto, congelar os embriões já prontos! Ideal que essa decisão seja antes dos seus 35, 40 anos, justamente pensando na sua reserva ovariana e na qualidade dos seus óvulos!

RISCOS DE GRAVIDEZ APÓS OS 35 ANOS

Muitas mulheres conseguem engravidar depois dos 35 anos ou mais. No entanto, existem certos riscos – tanto para a mãe quanto para o bebê – que tendem a aumentar com a idade materna.

Infertilidade. Pode levar mais tempo para engravidar conforme você se aproxima da menopausa. Por quê? Seu corpo começa a vida com um determinado número de óvulos. Conforme o tempo passa, esse número se torna cada vez menor. Os óvulos também podem ser de menor qualidade com a idade, o que significa que podem ser mais difíceis de fertilizar / implantar.

Aborto espontâneo. Com a diminuição da qualidade do ovo, aumenta o risco de aborto espontâneo. A perda da gravidez também pode ser mais provável devido a problemas médicos que você tenha, como hipertensão ou diabetes.

A natimortalidade também é outra possibilidade. Por isso, é importante acompanhar as consultas pré-natais para detectar os problemas o quanto antes.

Múltiplos. Embora ter mais de um pacote de alegria possa soar mais como uma bênção do que qualquer outra coisa, gestações gemelares acarretam riscos adicionais. Os motivos pelos quais gêmeos ou múltiplos de ordem superior são mais prováveis ​​após os 35 anos tem a ver com mudanças hormonais (você pode liberar mais de um óvulo a cada ciclo) e às técnicas de fertilização assistida, como a fertilização in vitro.

Cesariana. Com as possíveis complicações da gravidez, e aumento de risco de algumas patologias maternas, aumenta o risco de cesariana em comparação com o parto normal, nas mulheres com mais de 35, 40 anos.

PERGUNTAMOS A DOUTORA, FUTURA MÃE:
QUAIS SUAS MAIORES DIFICULDADES COM A GRAVIDEZ?

“No início, tinha mais medo da pressão social do que das próprias dificuldades físicas ou preocupações com a gravidez”

“Contar para amigas, colegas de trabalho e até pacientes têm sido o maior desafio. As expressões de preocupação e dúvidas são impressionantes… Algumas vezes, até constrangedoras! Mas, por outro lado, sentir a vibração e a alegria de tantos, nos gratifica e emociona!

E, nós dois, eu e meu marido como estamos? Simplesmente felizes!”