O câncer de mama é a neoplasia mais comum na população mundial, com cerca de 2,4 milhões de casos incidentes em 2015. Em relação a 2008, observou-se um aumento de 20% na incidência global de câncer de mama.
No Brasil, foram esperados 57.960 casos novos de câncer de mama para o biênio 2016-2017, com estimativa de 83.035 casos novos em 2020. Na região sul, acomete 74 mulheres a cada 100.000.
As curvas de mortalidade mostraram tendência de redução ou de estabilização, nos países desenvolvidos; e tendência de aumento, nos países em desenvolvimento. No Brasil, a mortalidade da doença segue o mesmo perfil mundial, com redução significativa da mortalidade apenas na região Sudeste.
O rastreamento do câncer de mama na população geral é baseado na realização periódica da mamografia em mulheres assintomáticas, visando sua detecção precoce. Atribui-se ao rastreamento mamográfico, associado aos avanços terapêuticos, a redução na mortalidade pelo câncer de mama observada em muitos países. A detecção de pequenos tumores possibilita altas taxas de cura.
Com exceção dos dois estudos realizados no Canada, os demais realizados na Europa, mostraram redução de 20 a 48% no risco relativo de morte por câncer de mama em mulheres que realizaram o rastreamento mamográfico.
O Colégio Brasileiro de Radiologia, a Sociedade Brasileira de Mastologia e a FEBRASGO recomendam do rastreamento mamográfico anual com início aos 40 anos.
Fatores que influenciam o risco de desenvolver a doença
PÓS-MENOPAUSA
Pesquisas demonstraram que mulheres pós-menopáusicas obesas têm mais risco de câncer de mama que as com peso normal. Um estudo observou que o ganho de 20 a 29kg aumentava o risco em 56% e o ganho de 40 a 49% dobrava as chances. Já a redução de peso apresenta efeito protetor, como observado em outra pesquisa, que demonstrou que a perda sustentada em pelo menos 10Kg reduzia o risco em 57%.
EXERCÍCIO FÍSICO
Alguns estudos observacionais sugeriram que 4 a 7 horas de exercícios físicos semanais podem reduzir o aparecimento de neoplasia mamária em até 20%, independente do estado menopausal.
Existem evidências sobre o efeito protetor do exercício físico no risco para desenvolver câncer de mama na pós-menopausa. Diversos estudos científicos conduzidos em todo o mundo observaram uma redução média no risco entre 30 e 40% nas mulheres que praticavam atividades físicas regularmente.
INGESTÃO DE ÁLCOOL
O consumo de bebidas alcoólicas está associado com aumento do risco. A principal hipótese é o efeito carcinogênico dos metabólitos do álcool, porém outras teorias sugerem interferência no metabolismo do estrogênio ou deficiências nutricionais.
Alguns estudos avaliaram a ingestão diária de bebida alcoólica e o risco de câncer de mama na pré-menopausa (total de 4.227 mulheres), mostrando um aumento significativo de 5% por 10 gramas de etanol por dia. Já em relação ao risco em mulheres na pós-menopausa, estudos (total de 35.221 mulheres) mostraram um aumento significativo de 9% por 10 gramas de álcool por dia.
O tipo de bebida parece não influenciar, mas o suplemento de ácido fólico parece reduzir ou eliminar o risco causado pelo álcool.
FITOESTROGÊNIOS
A prevenção, por meio dos alimentos funcionais, emerge como uma ferramenta adicional, através de prováveis mecanismos de ação anticancerígenos, antioxidantes, anti-inflamatórios, anti-estrogênicos e antiangiogênicos. Dentre os compostos alimentares estudados por sua ação preventiva, estão os fitoestrogênios (isoflavonas), algumas vitaminas e minerais. Altos níveis de isoflavanóides estão associados com baixo risco para câncer de mama, sendo encontrados nos derivados de soja, lignanos, cimicífuga racemosa e trifolium pratense.
O consumo de alimentos ricos em fitoestrogênios como frutas frescas, verduras frescas e óleos vegetais, tem sido relatado como protetor do câncer de mama, podendo reduzir em até 33-45% o risco para câncer de mama.
ALIMENTOS
A dieta saudável é fundamental para manter uma boa qualidade de vida, permitindo maior controle do peso e menos doenças cardiovasculares. Tem se observado um crescente interesse em pesquisas que avaliam os padrões alimentares dos adolescentes e dos adultos jovens versus o risco de câncer de mama. Nos Estados Unidos, um grande estudo populacional envolvendo mais de 95.000 mulheres concluiu que o consumo de determinada quantidade de fibras dietéticas (frutas, vegetais e grãos integrais) está associado a um risco significativamente inferior de câncer de mama: 13% menor por 10 g/dia de aumento de fibra durante o início da idade adulta e 14% de redução de risco por 10 g/dia de incremento de fibra durante a adolescência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De forma relevante, os estudos evidenciam fatores de risco e fatores protetores potencialmente modificáveis para o desenvolvolvimento do câncer de mama. Dentre eles destacamos alguns fatores que elevam o risco como, obesidade na pós menopausa e consumo excessivo de álcool, e fatores que diminuem o risco como, prática regular de atividade física e perda de peso.
Fonte: Like Magazine – Setembro, 2017.