Está correto eu afirmar que o risco de desenvolver a doença aumenta principalmente após os 50 anos? Mas antes disso há o agravante de ser difícil detectar, já que a mamografia não é indicada para mulheres com menos de 40 anos pelos riscos à saúde? Que riscos que a mamografia traz?
O risco realmente aumenta com a idade, sendo maior após os 50 anos, com cerca de 75% dos casos de câncer de mama acima desta idade.
A idade é o principal fator de risco isolado para o desenvolvimento do câncer de mama.
A incidência do câncer de mama aumenta com a idade, predominantemente, em mulheres acima de 50 anos.
Dados gerais da literatura mostram que 75% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres com mais de 50 anos, 6,5% com idade inferior a 40 anos e 2,5% com menos de 35 anos.

A Sociedade Brasileira de Mastologia e as principais sociedades médicas norte-americanas recomendam o rastreamento mamográfico anual a partir dos 40 anos. Por outro lado, o INCA e a Organização Mundial de Saúde recomendam iniciar após os 50 anos. Na prática clínica, seguimos as recomendações da Sociedade Brasileira de Mastologia. Ainda não existe consenso sobre a idade de interromper o rastreamento mamográfico, o que parece coerente é oferecê-lo enquanto a saúde global da paciente permitir que ela possa ser tratada caso seja diagnosticado um câncer de mama.

A mamografia não causa câncer! Mesmo a mamografia digital que tem uma dose de radiação maior não aumenta o risco de câncer de mama.

Como, então, uma mulher jovem pode tentar detectar o câncer de mama?

Nas mulheres com menos de 40 anos, observa-se com maior frequência tumores palpáveis. Os exames a serem realizados serão os mesmo em qualquer idade, exames de imagem associados a biópsia, para confirmação diagnóstica.

Mulheres que apresentam alto risco para câncer de mama ou mulheres muito jovens com alto risco, podem se beneficiar com estratégias adicionais de rastreamento, como a ressonância magnética das mamas, ou iniciar a mamografia mais cedo, ou com intervalos menores.

Mulheres com familiares de primeiro grau com câncer de mama, por exemplo, mãe ou irmã, devem iniciar sua avaliação 10 anos antes da idade em que o parente teve o diagnóstico. Recomenda-se exame clínico anual, avaliação do risco, aconselhamento genético e suporte psicossocial.

Quais consideradas os principais riscos para desenvolver o câncer de mama?

Dentre os riscos podemos citar:
– primeira menstruação muito cedo
– menopausa tardia
– não ter filhos
– primeira gravidez após os 30 anos
– obesidade
– cigarro
– alcool
– alimentação rica em gordura
– sedentarismo

Sabe-se que quantos mais anos a mulher estiver exposta aos hormônios femininos maior seu risco de câncer de mama, ou seja quanto mais jovem for sua primeira menstruação e quanto mais tarde entrar em menopausa, maior o tempo (anos) de exposição aos hormônios femininos, maior o risco.

Sabe-se que a obesidade é considerada um fator de risco para câncer de mama na pós-menopausa. Acredita-se que seja devido ao aumento das taxas de hormônios femininos (estrogênio), que ocorre pela transformação do hormônio produzido na suprarrenal (androstenidiona) em estrona (hormônio feminino) no tecido adiposo. Quanto mais obesa, mais formação de estrona, e maior o risco de câncer de mama.

Alguns estudos sugeriram que 4 a 7 horas de exercícios físicos semanais podem reduzir o risco de desenvolver câncer de mama em até 20%, independente do estado menopausal.
Mas essa redução do risco parece ser mais evidente na pós-menopausa, com estudo mostrando redução de cerca de 6% no risco para cada hora de atividade física regular por semana.

O consumo de bebidas alcoólicas também está associado com aumento do risco. A principal hipótese é o efeito carcinogênico dos metabólicos do álcool, porém outras teorias sugerem interferência no metabolismo do estrogênio ou deficiências nutricionais. Alguns estudos demonstraram aumento de 10% no risco para cada 10 gramas de álcool consumidas continuamente (uma taça de vinho = 14 gramas de álcool). O aumento do risco pode chegar a 51% para as mulheres que consomem três ou mais doses de álcool por dia. A relação de risco é independente se ingerido cerveja, vinho ou destilado, pois pesquisadores defendem que o etanol é o agente agressor.
Vale ressaltar que o uso combinado de álcool e tabaco potencializa o risco.

O que se recomenda como estratégia para buscar reduzir o risco de câncer de mama é aquisição de hábitos de vida saudáveis, como evitar ganho de peso durante a vida adulta, limitar o consumo de álcool, consumir maior quantidade de frutas,  vegetais e fibras, e substituir o consumo de gorduras saturadas  por mono e poliinsaturadas, e a prática de exercícios físicos, bem como não fumar.

E há algum sintoma que podemos ficar atentos?

Toda mulher deve ser examinada pelo seu ginecologista na consulta de rotina anual, mesmo que não tenha queixas mamárias. Ou buscar atendimento pelo mastologista para prevenção e avaliação de rotina.

O autoexame é estimulado, apesar de não ser eficaz como medida isolada. O exame das mamas pela própria mulher deve fazer parte de um conjunto de ações de educação para a saúde, que visem o conhecimento do próprio corpo. É recomendado que essa prática se inicie entre 20 e 25 anos.

Qualquer alteração percebida deve ser avaliada por um profissional de saúde.

Como sinais e sintomas de alerta, podemos citar: nódulos, alterações de cor e retrações da pele, inversão do mamilo, crostas e secreção pelo mamilo, entre outros. Esses sinais significam um sinal de alerta, e devem ser investigados, mas podem não ter relação com câncer de mama.