A cirurgia mamária evoluiu muito nos últimos anos, devido ao manejo multidisciplinar no tratamento do câncer de mama. Não é mais possível existir a dissociação entre a estética e a oncologia na cirurgia mamária. Esta é uma nova fase para a Mastologia e para Cirurgia Plástica e Reconstrutora.
O cirurgião da mama deve conhecer em profundidade os conceitos em cirurgia plástica e os princípios oncológicos, pois os diversos tratamentos quimioterápicos, radioterápicos e hormonioterápicos, podem influenciar nas abordagens cirúrgicas.
Uma boa reconstrução mamária depende da identificação da técnica mais adequada à estética da paciente e aos seus riscos oncológicos e clínicos. Entretanto, a maioria das cirurgias mamárias ainda não segue os princípios oncoplásticos em sua totalidade.
As primeiras tentativas de reconstrução mamária foram propostas em 1932 tentando dividir a mama oposta para reconstruir a mama retirada. A grande evolução da reconstrução mamária ocorreu nos anos 1980, após os estudos clínicos controlados comparando a cirurgia conservadora com a mastectomia radical, e que não havia nenhuma diferença na sobrevida dos pacientes entre os 2 grupos. Apartir daí começou-se a dar mais importância a uma cirurgia oncoplástica menos mutilante, permitindo a evolução das técnicas de oncoplástia mamária.
O objetivo principal da cirurgia oncoplástica é melhorar a qualidade de vida das pacientes com tratamentos mais eficazes do ponto de vista estético funcional, sem comprometer o resultado oncológico. A reconstrução mamária poderá ser imediata ou tardia ao procedimento cirúrgico, dependendo de cada caso. Poderá ser ainda com próteses de silicone ou expansores ou material autólogo (TRAM ou grande dorsal). A determinação da técnica e do tipo de reconstrução mais adequada para cada paciente deve ser realizada avaliando o tamanho e a localização do tumor, a proximidade com a pele e com o complexo aréolo-papilar, a perspectiva de tratamento complementar e as condições clínicas da paciente.
É fundamental oferecer consultas explicativas de todos os passos cirúrgicos, recuperação, possíveis complicações, limitações, cicatrizes, etc, pois muitas vezes a expectativa das pacientes e familiares é bem diferente da realidade do tratamento proposto. É importante dar as opções para cada caso e esclarecer todas as dúvidas. O cirurgião deverá conhecer e estar apto a realizar todas as técnicas disponíveis e diagnosticar e tratar as indesejadas, mas existentes, complicações.
Com certeza a cirurgia oncoplásica veio para contribuir muito para o tratamento do câncer de mama, proporcionando um resultado estético satisfatório aliado ao resultado oncológico, auxiliando na auto-estima e recuperação psicológica das pacientes com câncer de mama.
Matéria publicada na Revista R – abril 2015 – autoria: Dr. Leônidas Machado