Esquecer a chave da porta da casa onde mora no local de trabalho, perder o celular, não lembrar o nome de uma pessoa ou o telefone da residência, guardar um documento importante num determinado lugar e depois não recordar, sofrer “um branco” durante uma prova e abandonar o guarda-chuva. Certamente você já deve ter passado por uma dessas situações e pensado: será que estou ficando maluco?
Calma. Você certamente não! Nem está doente. Essas ações são típicas de um lapso de memória, provocado por uma falha na sinapse, que é a estrutura do cérebro que transmite a passagem da informação de um neurônio para outro e pode acontecer com qualquer pessoa. O problema é desencadeado quando a comunicação entre os neurônios é modificada ou bloqueada, causando, assim, as falhas que às vezes acomete a memória.
“Todo mundo tem um esquecimento, mesmo as crianças, quando deixam para trás a lancheira da escola, e os adolescentes, ao não lembrarem da matéria escolar na hora do vestibular. Os lapsos de memória, normalmente, estão relacionados a fatores, como stress, ansiedade, déficit de atenção, uso de determinados medicamentos, má alimentação e alcoolismo. São cerca de 100 causas que prejudicam seu bom funcionamento, mas as citadas acima são as principais”, esclarece Ivan Hideyo Okamoto, neurologista e coordenador do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo o especialista, a preocupação é quando o lapso se torna frequente e atrapalha o cotidiano da pessoa. “Quando a dona de casa confere a lista de compras várias vezes, a pessoa esquece frequentemente de pagar uma conta no dia do vencimento, a cozinheira larga a panela com leite ou feijão no fogo e o patrão paga o salário da empregada duas vezes no mesmo mês é preciso ficar alerta, pois, aí sim, pode ser indício de uma doença. Tendo este indivíduo mais de 60 anos de idade, é preciso prestar mais atenção às suas atitudes, porque repetindo-se muitas vezes o esquecimento, é conveniente encaminhá-lo a um médico”, alerta o neurologista.
No caso da comprovação de Alzheimer, o tratamento para estabilizar o avanço da doença deve começar o quanto antes. “Há medicações que atrasam o desenvolvimento da enfermidade, possibilitando um aumento de sobrevida do paciente em até 15 anos após a descoberta do mal. Quando detectada precocemente, é possível monitorar a doença e preservar as funções do paciente por mais tempo”, revela o especialista.
Excluindo-se o Alzheimer, as causas do esquecimento devem ser combatidas. “No caso de stress, recomenda-se tirar férias ou praticar ações que diminuam ou eliminem o problema. Sendo os lapsos de memória motivados por medicamentos, o paciente deve relatar a situação ao médico que prescreveu o remédio para que sejam tomadas providências quanto à troca ou mudança da medicação”, esclarece o Dr. Ivan Hideyo Okamoto. (Fonte: Folha de São Paulo)